CULTURA MÚSICA 

CD “O SAMBA VAI DURAR” de RONALDO GONÇALVES E BERNARDO DINIZ

Show de lançamento  QUINTA, 03 de agosto, às 19h
na Casa do Choro  Áurea Martins convidada especial 
 
 
Os instrumentistas e compositores Ronaldo Gonçalves e Bernardo Diniz lançam o álbum O samba vai durar, com parcerias inéditas entre eles. Falam de amor, liberdade afetiva, política e de expressão, e até de escravidão. A cantora Áurea Martins é a convidada especial do show, interpretando junto a Ronaldo a faixa escrita em sua homenagem, “Ouro e marfim”: “A vida é um piano bar às duas horas… Me libertar quando a áurea voz cantar…”.
 
Marcado para a quinta 03 de agosto, na Casa do Choro, um dos mais importantes redutos atuais do gênero na cidade, no show a dupla toca e canta, acompanhados por Julião Rabello Pinheiro (violão 7 cordas), Marcos Thadeu (percussão), Magno Julio (percussão), Fernando Leitzke (piano) e Marcelo Cebukin (sopros). Todos jovens músicos atuantes na Escola Portátil de Música (EPM), na Casa do Choro e nas diversas rodas de samba e choro de casas tradicionais da cidade.
 
 
Sobre o CD 
 
Realizado como um projeto de financiamento coletivo pela plataforma Benfeitoria, ainda em 2017, com a contribuição dos fãs e amigos, o álbum foi todo gravado no estúdio Tenda do Grilo (exceto a faixa “Ouro e Marfim”, gravada ao vivo na Casa do Choro) e está sendo lançado e disponibilizado apenas e inteiramente em plataforma digital (https://www.osambavaidurar.com/). Surgiu da necessidade de registrar e compartilhar o que esta geração dedicada ao choro e ao samba tradicional, trilhando também o caminho aberto pelos bambas responsáveis pela “revitalização da Lapa nos anos 2000”, está produzindo. O desejo é de mostrar a que esta geração veio, com permanente processo de composição e atuação nas rodas, deixando, portanto, a sua marca e contribuição, assim como os antepassados fizeram.  
 
“Saí da casa do Paulinho pensando… ‘A rapaziada tem que se juntar’. Essas coisas martelam na nossa cabeça. Todo mundo da nossa geração está aí compondo pacas, doidos pra mostrar serviço. A galera tem que produzir. E foi só dobrar a esquina, que o telefone tocou. Era Ronaldo. ‘A rapaziada tem que se reunir, mostrar as músicas novas’. Concordei. Pois é, precisávamos gravar nossos sambas”, conta o letrista Bernardo Diniz
 
São oito sambas, em letras e arranjos de Bernardo e melodias de Ronaldo, gravados com com as participações especiais de cantores e instrumentistas reconhecidos na atual cena musical carioca: Áurea Martins, Ilessí, Bebê Kramer, Marcos Sacramento, Leonardo Pereira, Yuri Reis e Fernando Leitzke.
 
“A voz linda da Áurea Martins no samba-canção que fizemos pra ela. A energia do Marcos Sacramento! A entrega da Ilessi… A batucada fantástica de Marcus Thadeu e Magno Júlio! O violão elegante do Julião Rabello Pinheiro! E muitas coisas mais…Leonardo Pereira e Yuri Reis cantando, o coro dos amigos, Luizinho Barcelos no bandolim, Bebe Kramer no acordeon, Fernando Leitzke no piano, os sopros de Rui Alvim, Everson Moraes e Marcelo Cebukin… Cada faixa tem um pouco de nós. Pode conferir. No que depender da rapaziada, o samba vai durar”, continua Diniz.
Sobre os compositores 
Ambos nasceram no sul do estado do RJ e se conheceram na capital. Tornaram-se parceiros na música, no palco e nas rodas, e agora também de gravação.
Bernardo Diniz, 26 anos, é músico, compositor e arranjador natural de Barra Mansa (RJ). Ingressou a fundo na música através do cavaquinho, nas rodas de choro de Jacarepaguá, bairro carioca onde morou na infância, e na Escola Portátil de Música (EPM), onde foi aluno. Como cavaquinista, é integrante do “Tungo”, grupo de música instrumental que em 2014 lançou um CD pela gravadora Biscoito Fino, do “Levanta Poeira” e do “Choro na Glória”, grupos que se preparam para gravar álbuns de estreia com músicas inéditas, cada.
Em 2015, lançou em parceria com a cantora e compositora Iara Ferreira o seu primeiro CD, “Bené e Iaiá”, contendo músicas e arranjos de própria lavra.
Ronaldo Gonçalves, 34 anos, músico, cantor e compositor natural de Volta Redonda (RJ), embalado pelas rodas de samba que aconteciam na casa de sua avó e movido pelo desejo de se profissionalizar, mudou-se para o Rio de Janeiro em 2006. No mesmo ano iniciou seus estudos na Escola de Música Villa Lobos. Em 2010 ganhou o 2º lugar no FEMUPI (Festival de Música Popular de Piraí – RJ). Em 2011, o 1º lugar no FEMUPI e o 3º lugar no FEMUVRE (Festival de Música Popular de Volta Redonda – RJ). Foi aluno da Escola Portátil de Música (EPM), onde estudou com Luciana Rabello, Jayme Vignoli, Bia Paes Leme e Amelia Rabello.
Em 2015 lançou seu primeiro disco, “Fantasia Rasgada”, no teatro Solar de Botafogo. Apresenta-se semanalmente desde o fim de 2016 no Trapiche Gamboa, junto ao consagrado violonista Paulão Sete Cordas, em roda de samba e choro. Já se apresentou ao lado de artistas como Monarco, Nelson Sargento, Nei Lopes, Wilson Moreira, Wanderlei Monteiro, Tantinho da Mangueira, Noca da Portela, Paulão Sete Cordas, Áurea Martins, Luciana Rabello, Paulo César Pinheiro, Zé da Velha e Silvério Pontes, dentre outros.
 
SERVIÇO: 
 
Local: Casa do Choro: Rua da Carioca, 38 – Centro, Rio de Janeiro – (21) 2242-9947
Data: 03 de agosto, quinta-feira, às 19h
R$40 inteira e R$20 meia. Livre.
Capacidade do Auditório Radamés Gnattali: 100 lugares
Classificação: Livre
Duração: 60min
Acessibilidade: acesso para portadores de necessidades especiais
Bilheteria aberta 1h antes dos espetáculos (pagamentos apenas em dinheiro)
 
 
O SAMBA VAI DURAR – APRESENTAÇÃO  
 
Por Vivi Fernandes de Lima
 
 
Em 1945, os compositores Janet de Almeida e Haroldo Barbosa alertaram, em forma de música, que uma certa madame dizia que o samba devia acabar. Ironizaram as verdades da moça e sentenciaram: “o samba brasileiro democrata, brasileiro na batata é que tem valor”. Décadas depois, Nelson Sargento disse que o “samba agoniza, mas não morre” e Paulinho da Viola denunciou que, há muito tempo, já escutava “esse papo furado dizendo que o samba acabou”. Entra geração, sai geração, e a falácia do fim do samba é rebatida pelos compositores. Agora, no tempo de lançamentos musicais virtuais, Bernardo Diniz e Ronaldo Gonçalves dão o recado garantindo que, sim, “o samba vai durar”.
 
Se depender desses dois artistas, a duração vai ser longa. E bonita. Parceiros na música, no palco e na roda, agora também são companheiros de gravação. Para este projeto, reuniram oito de suas parcerias inéditas. Ronaldo, que já havia mostrado seu trabalho como melodista e cantor no CD “Fantasia Rasgada”, assume a autoria das melodias. Bernardo, que se afirmou como melodista no CD “Bené e Iaiá” (com Iara Ferreira), agora ataca de letrista.
 
De acorde em acorde, de verso em verso e – por que não? – de bar em bar, como sugere o samba “Terceiro bar”, este projeto foi elaborado num clima de parceria não apenas no criativo nascimento das músicas, mas também no apuro das gravações. São de Bernardo Diniz todos os arranjos, os sons do violão e do cavacolim; são de Ronaldo Gonçalves os acordes do cavaco. As vozes dos dois também estão lá. Com Julião Pinheiro no violão sete cordas e Marcus Thadeu e Magno Júlio na percussão, forma-se a base musical desse trabalho, que conta com um coro caprichado de amigos no samba que dá nome ao projeto e uma série de participações especiais: Marcos Sacramento, Ilessi, Leonardo Pereira, Yuri Reis, Luis Barcelos, Bebê Kramer, Fernando Leitzke e Áurea Martins, que é brindada com uma sedutora canção em sua homenagem, “Ouro e marfim”.
 
Neste ponto, aliás, recomenda-se ao ouvinte pegar um drinque ou qualquer coisa que lhe conforte os sentidos, fechar os olhos e se deixar levar por essa merecida reverência que Bernardo e Ronaldo – que também canta esta canção – fazem a Áurea Martins, que, pra variar, interpreta lindamente: “A vida é um piano bar às duas horas”, canta a diva, acompanhada delicadamente pelo piano de Fernando Leitzke.
 
O casamento perfeito entre frases melódicas e versos fez surgir músicas com a intensidade de quem não joga pra perder, sobre amor e liberdade. Tão presente no repertório do samba, o sofrimento amoroso aparece escancarado: “Eu vi meu sonho se afogar/ sem a tua mão pra me ajudar/ reacender, reinflamar,/ reatear no coração fogueira”, canta Bernardo em “Chama apagada”, acompanhado pelo cavaco do parceiro e pelo belo bandolim de Luis Barcelos. Mas os desencontros da vida a dois também aparecem em tom de crônica, como em “Maria de outrora”, uma resposta ao samba “Julgamento no morro”, de Leonardo Pereira e Yuri Reis – única composição que não é de autoria da dupla.
 
Em “Sem volta”, Ronaldo canta a difícil decisão de se rumar para longe da terra natal. A letra que traz a imagem “Parti, puxei a âncora da terra”, a dançante melodia e o luxuoso acordeom de Bebê Kramer se alimentam das melhores referências da gafieira e do Nordeste. Outro tipo de liberdade, desta vez política, aparece em “Sem mordaça”, cantada por Marcos Sacramento: “Pode bater, nossa voz não vai calar”. 
 
Bernardo e Ronaldo sabem que ter voz é mesmo um grande desafio num mundo de desigualdades. Em “Me diz por quê?”, a liberdade de expressão reaparece: a cantora Ilessi brilha questionando “Pai, me diz por que eu devo me calar?”, numa melodia cheia de altos e baixos, com as participações do clarone de Rui Alvim e da flauta de Marcelo Cebukin. Com referências musicais claras dos terreiros de candomblé – com direito a um momento especial de entrosamento entre violão sete cordas, agogô, tambores e sopro –, o samba toca na maior ferida da formação do Brasil, a escravidão: “Me ensinaram a sonhar dentro da senzala”, canta Ilessi
 
Combativo, apaixonado ou bem-humorado. Não importa o mote do samba. Bernardo Diniz e Ronaldo Gonçalves mostram, por meio da música, que de fato ele vai durar. E muito. Afinal, como eles mesmos anunciam, “em cada peito bate um tamborim”. 

Related posts

Leave a Comment